Professores que criticaram condições de trabalho pedem perdão à Secretária
Esqueça liberdade de expressão. Jogue no lixo sua cidadania. Relembre os tempos do chicote. Do concordar para não ser punido. Pense como eles querem, não como você gostaria de pensar. Pois todas estas condições podem, a partir de hoje, ser atribuídas aos profissionais de educação da rede municipal de Ilhéus que atuam nas localidades de Inema e Pimenteira. Uma semana depois de emitirem uma nota pública criticando as condições de trabalho nas escolas das localidades, afirmarem que os caminhos da educação de Ilhéus estão sendo tratados com desprezo e desdém e que têm testemunhado cenas depreciativas e humilhantes nas escolas, o grupo emitiu ontem uma "Nota de Retratação" em que pede "humildemente perdão e desculpa" a secretária Marlúcia Rocha, "para que não sejam feitas interpretações errôneas sobre os pontos de vistas" expostos no documento anterior.
O grupo, que até então saia em defesa da família e dos estudantes prejudicados por falta de aulas e de condições nas escolas, agora afirma que "toda e qualquer família tende a conviver com problemas de ordens estruturais – e estar à frente de uma secretaria não se constitui uma simples tarefa. Sabe-se das dificuldades, das rotinas e demandas diárias, afinal de contas, administrar nossa própria casa às vezes torna-se uma difícil missão, imaginemo-nos comandar toda uma rede de ensino, com problemas de naturezas diversas – realmente não é fácil". Sim, mudaram rapidamente de opinião. E esta é a nova forma de os ex-críticos analisarem a condução do trabalho da secretaria.
Depois das críticas, a nota revela que os professores tiveram um encontro com a secretária. "Conquistas e direitos devem ser construídos através de um diálogo sincero, amplo e acessível como realizado no dia (10/09/2013)". Um dia antes, dia 9, a diretora das Escolas Nucleadas de Inema e Pimenteira, Maria Amélia de Jesus Marques Moraes, escreveu uma resposta aos então "professores indignados" e considerou a iniciativa "infeliz" por estar atacando uma secretária ética, decente e com trabalho reconhecido. E assinalou: "cidadania requer responsabilidade, mas acima de tudo coragem". Completou a sentença: "pelo bem daquilo que chamamos de liberdade responsável e exercício pleno da cidadania, devemos estabelecer sempre os limites, as fronteiras que nos colocam diante da possibilidade do cometimento de injustiças que no caso em pauta, ofendem alguém com serviços prestados à educação".
Os três textos que abrem o debate sobre um possível assédio moral no serviço público foram publicados, a pedido das partes envolvidas, no blog do Gusmão. Basta clicar aqui, aqui e aqui.